Será que vale a pena?

 Eu, assim como milhares e milhares de pessoas, assisti a cerimônia de abertura das Olimpíadas. E, também como a maioria das pessoas (que eu conheço, é claro...rs), achei a cerimônia excelente! Não sei dizer se foi clichê, também não sei dizer se deveríamos ter narrado o nosso Brasil de uma forma diferente. De qualquer jeito, vi um espetáculo lindo e me emocionei em vários momentos.

Amei as homenagens, as músicas e todo o cenário. Amei também alegria dos atletas que era contagiante e praticamente palpável. A entrada da delegação dos Atletas Refugiados foi de arrepiar... No entanto, o que mais chamou a minha atenção foi a entrada da Tocha e o Vanderlei Cordeiro acendendo a pira olímpica. (É claro que foi demais ver o Guga com a tocha, né? Afinal, everybody loves Guga, não é mesmo?...hahaha)

Mas Priscila, por que essa parte foi sua parte favorita?

Bom, não sei você, mas em 2004, quando aquele episódio trágico aconteceu em Atenas com o Vanderlei, eu fiquei desolada. Achei muito injusto um cara que me parecia tão bacana, ter treinado boa parte da vida e se dedicado horas e horas sem trégua pra sofrer aquilo que ele sofreu.

Aquele momento/ aquela maratona/ as Olimpíadas de 2004 não irá se repetir nunca, então o gosto amargo daquele empurrão que ele recebeu não passou. Injustiça é algo que me incomoda muioto e sinto que um rapaz que se preparou a vida toda e estava dando o melhor dele não poderia ter passado por algo desse tipo. Olha, sinceramente, eu não sei como eu conseguiria viver depois de um momento desses, sério. Uma coisa é você errar e se culpar (também é horrível, eu sei), mas mentalmente imaginar que se você tivesse feito isso ou aquilo a situação seria diferente; outra coisa é saber que alguém foi desonesto com você e te tirou uma oportunidade única que não voltará jamais.

Enfim... quando vi o Vanderlei pegando a Tocha e toda a emoção daquela cena eu me senti muito bem, de um jeito que mal consigo explicar... O mundo inteiro estava de olhos nele, vendo aquele reconhecimento, e ele estava lá em cima dando início a maior competição de esportes do mundo, e o melhor de tudo, no país dele. Ah, foi demais!

E tudo isso me fez pensar numas coisas da vida, sabe? Bem naquela semana eu estava me sentindo super triste por fazer muitas coisas por algumas pessoas e não ver resultados aparecendo.

Mas aquela tristeza amarga que ficou lá no fundo do coração foi passando à medida que eu pensava no Vanderlei Cordeiro e na história dele... No mesmo dia da abertura dos jogos, falei com o meu esposo antes de chegarmos em casa: “Amor, hoje eu tive a oportunidade de não fazer isso, isso e isso pra pessoa X, mas eu decidi fazer, porque, mesmo que ela não acredite ou não aproveite o que eu faço, eu sei que pra mim isso é o que deve ser feito”. E quando vi o Vanderlei, pensei que provavelmente ele também não conseguiu enxergar uma saída na hora que tudo aconteceu em Atenas, mas aquele cara que batalhou e deu o seu melhor colheu os frutos do seu bom trabalho hoje, em 2016... demorou eu sei, mas aconteceu. Não sei se participar da abertura dos jogos olímpicos tem um sabor parecido com uma medalha de ouro, mas pelo menos por enquanto, acho que esse reconhecimento além de merecido, valeu muito!

A lição que tiro disso tudo?

A vida bate na gente, empurra, esfola... As pessoas não escutam muitas vezes, nem ligam pra gente... mesmo assim é importante continuar fazendo o que estamos fazendo e acreditar que nossas sementinhas darão frutos.

Nada fácil, não é mesmo? Eu sei... Mas ta aí o Vanderlei pra mostrar pra gente que as coisas se encaixam um dia! E enquanto esse dia não chega vale segui o conselho da foto:

Então, como diria a Dory, continue a nadar! Força e boa semana pra vocês.

Um abraço,

P!